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Patrícia Portela

Mãe d’Água

Lisboa sobrevive graças a um corredor verde que percorre toda a cidade limpando-a diariamente da poluição automóvel e industrial. Este corridor está dividido em três níveis: um corredor de ar, que tem no parque de Monsanto o seu pulmão central de Lisboa. Um corredor verde, de árvores, arbustos e arborizações que alimentam o ar da cidade. E um corredor subterrâneo, de água que alimenta e revitaliza a cidade. Qualquer construção ilegal, privada ou pública, que interfira com a circulação destes três canais vitais poderá colocar em perigo toda a cidade.

Escolhi a Mãe d’Água por ser o, e por estar no coração de Lisboa.
O percurso sonoro realiza-se em três níveis, iniciando-se no Jardim das Amoreiras, entrando nos reservatórios da Mãe d’Água acompanhando uma visita de estudo de uma escolar primária, subindo no final por um tubo de ar até ao telhado da Mãe d´Água para contemplar a cidade.

Estas gravações foram realizadas na Mãe d’Água em Junho de 2002 com um equipamento de som muito rudimentar, durante as montagens dos “Encontros Imediatos” no festival Danças na Cidade, encontros esses que também foram um corredor cultural fundamental para o diálogo entre a cidade, os seus artistas e os seus processos criativos.

Um corredor
que foi
interrompido

Bio

Patrícia Portela (1974). Autora de performances e obras literárias, vive entre Portugal e Bélgica. Estudou cenografia e figurines em Lisboa e Utrecht,cinema em Ebeltoft, na Dinamarca, e Filosofia em Leuven, na Bélgica. Entre 1994 e 2002 trabalhou como figurinista e/ou cenógrafa para muitos das mais importantes companhias e realizadores independentes em Portugal recebendo o Prémio Revelação 94 pelo seu múltiplo trabalho para performances e para cinema. Foi uma das fundadoras do grupo O Resto em 1996 e da Associação Cultural Prado em 2003 onde colabora com artistas nacionais e internacionais. Criadora de performances e instalações transdisciplinares, itinera com regularidade pela Europa e pelo mundo. Reconhecida nacional e internacionalmente pela peculiaridade da sua obra, recebeu vários prémios (dos quais destaca o Prémio Madalena Azeredo de Perdigão/F.C.G. para Flatland I ou o Prémio Teatro na Década para Wasteband) e é considerada uma das artistas e autoras mais desconcertantes da sua geração. Autora de Para Cima e não para Norte (2008) e de Banquete (2012, finalista do Grande Prémio de Romance e novella APE) participou no 46º International Writing Program em Iowa City em 2013 e foi a primeira Outreach Fellow da Universidade de Iowa City. Lecciona com regularidade desde 2008 no Forum Dança e em diversas instituições culturais e universidades.